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terça-feira, 22 de maio de 2012

O Beit Yossef


O Beit Yossef &  Shulchan Aruch

A maior contribuição do Rabi Caro ao judaísmo foram os tesouros escritos que deixou. Seu primeiro trabalho de destaque, intitulado Kessef Mishná, constituía uma fonte de referências para a extraordinária obra de Maimônides sobre a Lei Judaica - o Mishnê Torá. Aos 34 anos, idade prematura face à responsabilidade da tarefa, Rabi Yossef Caro começou a escrever seu trabalho monumental - Beit Yossef, a Casa de Yossef. Tamanho é o respeito por esta obra em meio ao povo judeu, que à pessoa dele comumente se referem como o "Beit Yossef" ou HaMechaber1 - O Autor.

A obra Beit Yossef é o Shulchan Aruch em forma não abreviada, isto é, em sua totalidade. Trata-se de um completíssimo comentário sobre a obra de Rabi Yaacov ben Asher - Arba Turim, os Quatro Pilares - um verdadeiro compêndio de sentenças e pareceres jurídicos sobre a Halachá. O Arba Turim (conhecido como Tur) é uma obra de quatro volumes. O primeiro deles, intitulado Orach Chaim, contém as leis que regem o nosso cotidiano: os mandamentos sobre as orações, o uso dos tefilin, o Shabat, as festas sagradas, entre outros. O segundo volume, Yorê De'á, versa sobre as leis de cashrut e pureza ritual. O terceiro, Even Ha'Ezer, traz as leis do casamento e divórcio e similares. O último volume, Choshen Mishpat, contém as leis judiciais, que envolvem testemunhas, juízes, propriedade, heranças e outros.

Rabi Yossef Caro apontou nesta obra, o Tur, de onde as normas que contém haviam sido retiradas. Começou por citar o Talmud, a seguir mostrou como os primeiros comentários interpretavam as passagens talmúdicas. Era um traço típico do "Autor" reunir todas as várias opiniões de forma clara e concisa, tornando compreensível a qualquer um as razões que embasavam os pareceres ditados por sua mente iluminada.

O propósito do Rabi Caro ao escrever um código definitivo sobre nossa Lei era unificar o povo judeu através da solução de disputas e ambigüidades quanto ao entendimento e à aplicação dos Mandamentos Divinos expressos na Torá. Foram necessários vinte anos para que ele terminasse a obra Beit Yossef. Ele o fez em Tzfat e a mesma foi aceita em praticamente todo o mundo judaico como referência suprema sobre a Halachá - a Lei da Torá. Em Beit Yossef, Rabi Caro reuniu as decisões das maiores autoridades haláchicas existentes até a época. Ele opinava e sentenciava calcando-se em opiniões discordantes, estabelecendo um consenso entre os pontos de vista de três renomadíssimas autoridades no assunto: Maimônides (o Rambam), Rabi Yitzhak Alfassi (o Rif) e Rabenu Asher (o Rosh). Quando havia discordância entre as opiniões dos três sábios, ele próprio, Rabi Yossef Caro, sentenciava de acordo com o parecer da maioria. Em caso de um assunto sobre o qual nenhuma das três autoridades tivesse proferido julgamento, Rabi Caro seguia o parecer majoritário entre Rabi Moshe ben Nachman (Nachmânides), Rabi Shlomo ben Aderet (o Rashba) e Rabenu Nissim (o Ran).
O Beit Yossef foi publicado no ano de 1542, mas Rabi Caro continuou a editá-lo e refiná-lo durante os 12 anos seguintes. Acabou por publicar uma segunda edição da obra, incluindo o Tur. Sua Enciclopédia foi publicada em diversos volumes, com os mesmos títulos usados por Rabi Yaacov ben Asher.

A obra Beit Yossef era longa e rica em detalhes, a ponto de ser de difícil alcance para o homem comum. O mundo judaico carecia de um trabalho simples e de fácil absorção, no qual as profundezas de nossa Lei fossem apresentadas de uma forma que todos pudessem estudá-las e as compreender. Por essa razão, anos depois, o Rabi Yossef Caro pôs-se a escrever uma versão concisa e abreviada do Beit Yossef, que, quando pronta, continha as decisões finais da Halachá, sem no entanto se deter nos incontáveis e diferentes pareceres e sem enumerar as fontes que embasavam a sua própria sentença. "O Autor" a chamou de Shulchan Aruch - "Mesa Posta", pois a obra continha todas as leis esmiuçadas, como se estivessem dispostas sobre uma mesa, diante dos olhos de qualquer judeu, de modo claro e objetivo.

Rabi Yossef Caro calcava suas determinações, via de regra, sobre os costumes e a opinião dos grandes Sábios sefarditas. O líder da comunidade asquenazita, à época, Rabi Moshe Isserlis, o Ramá, não concordava com todas as decisões jurídicas ditadas pelo Beit Yossef. Assim sendo, ele próprio editou um Código de Lei Judaica para as comunidades asquenazitas - e o fez anotando todas as passagens em que o Shulchan Aruch ia contra os costumes e pareceres dos sábios oriundos das kehilot de Asquenaz. Tal controvérsia serviu apenas para fazer correr, ainda mais longe, a fama e a ampla utilização do trabalho do Rabi Caro, que se tornara o estatuto haláchico, nos aspectos em que o Ramá não discordava, até para as comunidades asquenazitas. Finalmente, em 1578, os pareceres do Ramá foram adicionados ao Shulchan Aruch, em uma obra publicada em Cracóvia, na Polônia. Tornava-se, assim, ainda que editado, o Código Oficial de Lei Judaica de todas as comunidades judaicas asquenazitas, no mundo. E, com isso, o Rabi Yossef Caro deixava sua marca gravada em sua geração e em todas as gerações de judeus que se seguiram, sendo sua obra aceita, por nosso povo, como Dvar Hashem - a Palavra de D'us.

Fontes : Bibliografia

Rabbi Yossef Caro, The Master, Rabbi Moshe Miller, Kabbala Online.Org

Rabbi Yosef Caro of Zefat - Ascent of Safed - Your Jewish Home in the City of Kabbalah

Rabbi Yosef Caro, Sephardic Rabbis Impact Halachah, Online Journal


Beit Yossef , Amsdju